terça-feira, 16 de agosto de 2011

O curioso,

        foto : weheartit.com

[...] é que também nunca pensei em Hassan e eu como amigos. Pelo menos não no sentido habitual. Pouco importa se um ensinou ao outro a andar de bicicleta sem as mãos, ou a construir uma câmera caseira, feita com uma caixa de papelão, e que funcionava bastante bem. Pouco importa se passamos invernos inteiros empinando pipas e correndo para apanhar as que caíam. Pouco se importa se, para mim, a cara do Afeganistão é a cara de um menino de porte esguio, cabeça raspada e orelhas meio dobradas; um menino com uma cara de boneca chinesa perpetuamente iluminada pelo sorriso leporino.
Nada disso importa. Porque não é fácil superar a história. Tampouco a religião. Afinal de contas, eu era pashtun, e ele, hazara; eu era sunita, e ele, xiita, e nada conseguiria modificar isso. Nada.
Mas éramos duas crianças que aprenderam a engatinhar juntas, e não havia história, etnia, sociedade ou religião que pudesse alterar isso. [...]
                           O caçador de pipas - Khaled Hosseini

Nenhum comentário:

Postar um comentário